Discurso de posse do Presidente da ACAMERJ Acad. Luiz Augusto de F. Pinheiro.





Discurso de posse do Presidente da ACAMERJ Acad. Luiz Augusto de F. Pinheiro.
22/01/2016 - 00:00:00

DISCURSO DE POSSE


SAUDAÇÃO À MESA


INTRODUÇÃO


Inicio tranquilizando os que se preocupam com a duração de discursos. Este não será longo  a ponto de incomodar e entediar, nem será curto demais, menos  valorando a solenidade. Será adequado, creiam.


AGRADECIMENTOS E FELICITAÇÕES


Agradeço aos três  Presidentes anteriores com os quais  convivi nesses 14 anos de  Academia.


Acadêmico Professor José Hermínio Guasti, já falecido,  que, logo após  minha posse, convidou-me para participar do Conselho Científico, abrindo-me espaço para organizar vários  eventos e ser o Coordenador Editorial do livro "Em Cantos Guardados- pelos Caminhos da Medicina e da Vida que, após seis anos de  gestação, foi lançado em 2009 em concorrida noite de autógrafos. Dele participaram 21 Acadêmicos  colaboradores.


Acadêmico Professor Renato Luiz Nahoum Curi, também falecido, responsável  por  minha  participação na Comissão de Reforma Estatutária,  juntamente com os  eminentes Confrades Omar da Rosa Santos e Claudio Tadeu Daniel-Ribeiro, que, ao se tornar  realidade, trouxe à Acamerj mais transparência, democracia e esperança de renovação, ao consagrar eleições diretas, presenciais,  secretas e  mandatos  trienais sem possibilidade de reeleição para o mesmo cargo.


Presidente  Acadêmico  Alcir Vicente Visela Chácar,  por haver-me  mantido e, após  um período ausente, convidado-me a voltar ao Conselho Científico, o que permitiu-me participar e auxiliar na organização de vários  Eventos, Conclaves e Congressos.


Sou grato a todos os Acadêmicos pelo convívio cordial e respeitoso. Especialmente  na fase eleitoral, pela expressiva    votação e  pela adesão a vários projetos, palestras, mesas redondas que  organizei.


Aos meus familiares agradeço a distinção que sempre me cumularam  e ao nicho mais  próximo por compreender que  a fatalidade da senectude  compromete-nos o ritmo de vida mas não nos impede de viver.

Agradeço aos amigos, vivos ou mortos, pela parcela positiva que agregaram à minha vida.

Aos meus pais, já falecidos,  que  em 2001,  neste mesmo teatro, participaram de minha posse, enalteço pelo  modelo de vida que espelharam aos filhos, habilitando-os  a buscar os seus caminhos.


Aos que aqui estão, agradeço pelo calor da presença.


Sou muito agradecido à Sra. Alita Baptista dos Santos pela assessoria eficiente e incansável.

A Deus sou grato por, pelo livre arbítrio, permitir-me  dar sentido à minha vida e, quando atropelado pelo imprevisto, pelo improvável, pelo impensado ou pelo acaso, conceder-me  resignação e força para aceitar e lutar,  pois  os obstáculos parecem maiores  se nos apequenarmos  face a eles.


Aproveito para felicitar a ACAMERJ,  e a todos que dela participam,

pelos 41 anos de existência,  bem como ao Presidente Alcir Chácar, e toda a sua Diretoria, que encerram  seus mandatos, pela condução imprimida nos últimos  anos e pelas muitas conquistas e realizações.


Felicito também a todos os agraciados com a Medalha de Mérito Médico, personificando-os em Dra. Albina Lopes Porto Brasil, com quem eu, no início dos anos 1960, acadêmico de medicina, trabalhei no Ponto Socorro do ainda Hospital Municipal Antônio Pedro e ela,  jovem médica, chefiava o Setor de Pediatria.


Uma saudação especial à  nobre Confreira Maria da Glória da Costa Carvalho, laureada médica,  professora e cientista, que tenho o prazer e a honra  de tê-la  como companheira de diretoria. Recebe hoje,  com toda justiça,  o Titulo de Acadêmico do Ano.


APRESENTAÇÃO DO CONSELHO CIENTÍFICO


Senhoras e senhores, anteriormente apresentei-lhes os componentes da Diretoria e do Conselho Fiscal. Cumpre agora apresentar os Acadêmicos membros do Conselho Científico, que, estatutariamente,  são da escolha do Presidente da ACAMERJ.


Faço-o em ordem alfabética:


Alcir Vicente Visela Chácar Presidente de nossa Academia por oito anos; Ex-Presidente da Associação Médica Fluminense; Membro titular da Academia Fluminense de Letras; Fundador da Sociedade Brasileira de Pediatra-SOPERJ; Ex-presidente do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro; Membro Correspondente Estrangeiro da Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires; Pós Graduado em Administração Hospitalar pela PUC-RJ; Responsável pela vinda do Cientista Albert Sabin ao Brasil em 1979 para a promoção da campanha de erradicação da Poliomielite.


Aníbal Gil Lopes Presidente da Academia FIDES et RATIO; Membro Titular da Academia Nacional de Medicina; Professor Titular do UFRJ; graduado  em Teologia; Doutor em Ciências pela USP; Pós Doutor pela YALE- University School of  Medicine, entre muitos outros títulos.


Evandro Tinoco Mesquita Mestre em Cardiologia pela UFF; Doutor em Cardiologia pela USP; Professor Associado de Cardiologia da UFF; Diretor Clínico do Hospital Pró-cardíaco.


Jocemir Ronaldo Lugom Mestre em Nefrologia pela UERJ; Doutor em Nefrologia pela UNIFESP; Pós-Doutor em Nefrologia pela UTHSC-SA, Texas, USA; Professor Titular em Nefrologia da UFF; Chefe do Serviço de Nefrologia do HUAP; Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia.


Luiz José Martins Romêo Filho Mestre e Doutor em Cardiologia pela UFRJ; Ex- Professor Titular de Cardiologia e Professor Emérito da UFF; Ex- Coordenador do Curso Mestrado e Doutorado da UFF.


Pietro Novellino Ex- Professor Titular, Professor Emérito e Ex Reitor da UNIRIO; Presidente da Academia Nacional de Medicina por três mandatos; Membro de várias Academias de Medicina e numerosos outros títulos, comendas e homenagens.


Salvador Borges Filho Ex- Professor Adjunto de Patologia da UFF; Fundador da Academia Fluminense de Medicina, hoje Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro; Hemodinamicista e Sócio Fundador do Hospital Procordis; um dos pioneiros da cineangiocoronariografia e da trombólise intra coronariana no Brasil.


A todos quero agradecer por aceitarem meu convite e solicito  à plateia uma salva de palmas.


AS ACADEMIAS EM GERAL E A ACAMERJ


Cerca de 387 anos a.C. Platão criou em Atenas a primeira Academia visando, juntamente com os seus discípulos, através de investigação científica e filosófica, discutir e esclarecer suas inquietudes e dúvidas no campo Político, Social,  Existencial  etc. No correr dos séculos, variadas Academias foram surgindo, sob a influência de outros filósofos.


Não há desejo mais natural que o desejo de conhecimento. Esta máxima aristotélica explica bem porque, primacialmente, nos abrigamos em Academias: buscar o conhecimento pela leitura, pela discussão, pelo diálogo, pelo confronto de ideias  estabelecidas ou pontos de vista.


Vivemos hoje num mundo onde a sociedade, face  a velocidade das comunicações, está cada vez mais globalizada e o homem, paradoxalmente, mais se encarcera, se isola,  face à violência, aos sectarismos ou  às  desigualdades em geral.

Só a busca constante e incessante do conhecimento, algo natural no ser humano, segundo Aristóteles, pode nos legar um mundo melhor. É aí que se inserem as verdadeiras Academias. Utilizar a sabedoria dos seus integrantes, fruto da razão e da experiência, na produção de conhecimentos capazes de gerar políticas elevadas para a sociedade no seu todo, para as ciências, para as artes, para os costumes, apoiados na trilogia da Revolução Francesa - Liberdade, Igualdade e Fraternidade, tão lembrados mas pouco praticados nos dias atuais.


São as nossas semelhanças que nos diferenciam de outras criaturas seres ou coisas-porém, são as nossas  dessemelhanças que nos distinguem uns  dos outros. Não há um humano igual ao outro. Assim, para tentar conhecer e entender, mesmo que parcialmente, tudo a nos envolver, necessitamos conhecer à nós mesmos. GNOSE SI AUTUM, é um dos princípios  Délficos inscrito no frontispício do Templo de Apolo. Um outro princípio  é MEDEN AGAN   ( Não te excedas).


O autoconhecimento e o conhecimento de limites, bem explicitados nesses dois princípios, implicam em virtudes de tolerância, de humildade, de prudência, de simplicidade, entre outras, que podem nos tornar pessoas melhores, capazes de contribuír  para uma humanidade melhor.


A medicina insere-se na sociedade, não se pode pensá-la isoladamente.


Assim sendo, na gestão da Diretoria da ACAMERJ, que  inicia seu mandato, dar-se-á ênfase equitativa às Ciências em geral, e em especial à Médica, às Artes, à Cultura e ao Lazer. Penso que é uma maneira de contribuir para uma integração harmonizada  das várias camadas  sociais.


AS METAS


A Diretoria  empossada, teve como tema da chapa a palavra AÇÃO, e com lemas, palavras com o mesmo sufixo: CONCILIAÇÃO

COMUNICAÇÃO- HUMANIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO.


São estes os nossos propósitos para conduzir a ACAMERJ nos próximos 3 anos, com a ajuda e proteção de Deus.

Fulcrados nesses lemas nos  comprometemos com as METAS divulgas na ocasião.


1. Envidar esforços para conseguir uma sede própria
2. Adequação do Regimento ao novo Estatuto
3. Discutir e buscar novas normas para Admissão de Acadêmicos Titulares
4. Maior interação com outras Academias (de medicina ou não)
5. Incrementar atividade sociais, culturais, científicas e classistas
6. Ativar o convênio UFF-ACAMERJ
7. Buscar fontes de apoio financeiro
8. Envolver-se com grandes temas nacionais ou mundiais
9. Manter e aprimorar o Congresso da ACAMERJ, o Congresso Sul-Americano das Academias de Medicina e o Conclave Brasil-Argentina
10. Criação da central de informática, gráfica e áudio-visual (CIGAV)
11. Criar boletim eletrônico mensal divulgando as atividades da ACAMERJ e Revista Impressa, inicialmente quadrimestral, com três seções: Social, Cultural e Científica
12. Editar os Anais da ACAMERJ
13. Manter constante intercâmbio com os Núcleos Regionais
14. Consultar a Diretoria, o Conselho Científico, o Conselho Fiscal e todos os Acadêmicos  para outras ações


Muitas são a continuação do que vem sendo realizado, outras são propostas nossas.

Entre nossas pretensões, algumas são exequíveis, dependem de nós, outras , são sonhos, mas vamos trabalhar para realizá-los.

Refiro-me, por exemplo, à sede própria. É difícil, depende de terceiros, mas vamos nos empenhar para a concretização.


A respeito de sonhos, retiro do livro " Bengala Branca, de autoria de Paulo Fénder, poeta,  Professor de Cardiologia da UFF,  ex-Senador da República pelo Estado do Pará, no início da década de 1960, elevada cultura geral, inteligência  rara, espírito ágil, esta bela quadra:

Vem cá meu coração, óh velho amigo,

vamos ao cemitério, hoje é finados.

Tantos sonhos nos temos sepultados,  

sonhos  de amor que  já sonhei contigo!


Em minha vida,  colecionei sonhos e, na maioria,  consegui realizá-los.

Sonhei ser médico, consegui.


Sonhei casar com a mulher que amasse e ter uma família bem  estruturada, consegui.


Sonhei proporcionar a meus pais, no  mínimo, um pouco do muito que   me deram em todos os sentidos, consegui.


Sonhei ter uma  clínica  onde pudesse  praticar  uma medicina honesta e correta, consegui.


Nesse caso, o imprevisto, o  imponderável, o  improvável levaram-me a perdê-la.


Agora, juntamente com a Diretoria, e com  a colaboração de todos  os Confrades e  Confreiras,  sonho realizar uma boa gestão na ACAMERJ.


É  bom sonhar,  melhor ainda realizar os sonhos pois, ao contrário do poeta, colega e amigo Paulo  Fénder, não quero que minha vida se transforme  num cemitério de sonhos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Comecei agradecendo  e  termino da mesma forma.

Muito preteritamente interrogava-me por que agradecemos dizendo obrigado e  retribuímos com expressões, de nada, por nada, não há de que,  hoje  substituídas, frequentemente,  por "imagina.  


Recentemente recebi um vídeo de minha nora, Gláucia, e aprendi com o ilustre professor português António Nóvoa e consultando minha biblioteca que,  segundo São Tomás de Aquino em seu Tratado da gratidão, existem três níveis   de gratidão:


- um primeiro nível, mais  superficial, do reconhecimento -  cerebral, do intelecto, cognitivo - próprio dos povos de língua inglesa ou germânica que  dizem  em inglês  Thank you ou, simplesmente ,Thanks; ou,  em alemão, Zu danken;


- um segundo  nível,  intermediário, que é do agradecimento em si- dar graça,  dar uma mercê, ou seja, de devolver,  num mesmo nível, algo que  recebeu,  como se diz em  francês, italiano  ou espanhol: merci, grazie, gracias;


- um terceiro nível, mais  profundo, que é o nível do vínculo , do comprometimento, do  compromisso, cuja forma só existe na língua portuguesa, obrigado.


E é nessa língua, que muito nos  orgulha, com palavras inexistentes em outros idiomas para expressar sentimentos, que desejo encerrar este discurso, assumindo um vínculo, um  comprometimento, um compromisso, com a  Academia de Medicina de Estado do Rio de Janeiro de trabalhar  para realizar nossas metas, sempre  colocando a Instituição em  primeiro plano, dizendo aos presentes:

- estamos  comprometidos com um projeto e, por isso,


MUITO OBRIGADO!