Oswaldo Gonçalves Cruz




Oswaldo Gonçalves Cruz

Especialidade:

Acadêmico Patrono

Cadeira: 53


Mini currículo:

Nasceu em 5 de agosto de 1872, na pequena cidade de São Luiz de Piraitinga em São Paulo. Filho de médico pobre, sua família transferiu-se para o Rio de Janeiro e, aos 14 anos ingressou na Faculdade de Medicina colando grau aos 19 anos de idade em 1891. Fez curso de Pós-Graduação no Instituto Pasteur em Paris em 1896, retornando ao Brasil em 1899.

Nessa ocasião grassava em São Paulo, especialmente em Santos, e no Rio de Janeiro, a peste bubônica, doença transmitida por ratos. O Diretor de Saúde Pública era o Barão de Pedro Afonso. Desesperado com a situação alarmante, o barão telegrafou para o diretor do Instituto Pasteur, o Dr. Roux, pedindo socorro, que nos mandasse um de seus cientistas. Resposta do Dr. Roux: "Daqui ninguém se dispõe a ir temendo a febre amarela. Além disso, o homem que poderá socorrê-lo é o seu compatriota Oswaldo Cruz".

E assim foi convocado pelo Barão de Pedro Afonso o jovem brasileiro, que enfrentou a grande tarefa, instalando em Manguinhos, numa velha granja, um Instituto Soroterápico contra a peste e ao mesmo tempo o Ensino a médicos e estudantes de medicina no setor de Medicina Experimental. O êxito foi total. O soro antipestoso fabricado por Oswaldo Cruz foi altamente elogiado no Koch de Berlim e no Instituto Pasteur.

Apesar de tudo isso, quando Rodrigues Alves foi eleito para a Presidência da República em 1902, não conhecia Oswaldo Cruz, e a febre amarela grassava violentamente. Daí a sua maior preocupação, em combatê-la com energia e coragem. Logo após sua posse o Presidente da República sabedor do que realizara Oswaldo Cruz, e com os esclarecimentos que lhe dera seu filho, estudante de medicina, quanto à capacidade do Mestre, foi então convocado para a "guerra" o melhor dos soldados. Pois ele trazia consigo as armas invencíveis da sua ciência, sua coragem e sua abnegação.

"Rodrigues Alves, o homem que finalmente compreendeu Oswaldo Cruz".

Em 1903 Oswaldo cruz foi nomeado Diretor da Saúde Pública com "Carta Branca", conforme ele exigira, mas prometendo que em três anos acabaria com a febre amarela no Brasil. Mas esse ano de 1903 foi muito triste para o grande cientista, pois não pôde começar a grande batalha de acordo com seus planos.

O Presidente dependia do Congresso para obtenção do crédito. Discursos e mais discursos. Médicos discordavam do plano do mestre ou não o entendiam. Ele, talvez, profetizando o quão curta seria sua vida, tinha pressa e nada se resolvia. Chegou mesmo a querer desistir.

Somente em 1904, foi obtido o necessário para a luta e assim mesmo, não de todo. Nessa data deu início. E cumpriu. Já no primeiro ano de luta se fazia sentir, aos mais esclarecidos, que "a coisa iria funcionar". Porém, a surpresa que estava reservada a Oswaldo Cruz era a de que o pior inimigo que ele iria enfrentar não era o mosquito, era e oposição a ele e ao governo que o apoiava. A "imprensa marrom", aliada a "médicos quadrados" e políticos corruptos, declaram-lhe outra guerra, esta porém, com fins inconfessáveis. "Abaixo o falso pesquisador, o charlatão". Isto por dois motivos: 1º, Oswaldo Cruz (e seu exército de colaboradores fieis) para vencer a ignorância, teve que ser "mão dura". Todos os terrenos ou construções que fossem meios de cultura de mosquitos, e cujos proprietários não atendessem às exigências de Saúde Pública, eram arrasados e para isso usou-se até dinamite (Obviamente isto angariou-lhe a antipatia popular)! Uma vez um médico da Brigada fez ver que, para o fim de sanear determinada zona, se impunha a demolição de certa casa, na área poluída. Intimado a mudar-se, o proprietário, que morava na casa, replicou exibindo um documento em ordem, firmado por juiz e no qual o direito à posse de sua propriedade e moradia lhe era assegurado. Oswaldo Cruz quis examinar o papel. "Deixe-me ver", disse. E depois de uma breve pausa: "Mas aqui não diz nada sobre o telhado da casa. Vamos tirar o telhado?. E lá se foi abaixo o telhado da casa. O proprietário não teve outro jeito senão mudar-se. E o objetivo foi atingido. Canções populares, juntando o ódio ao ridículo, foram dedicadas na época ao "médico louco". Obviamente isto angariou-lhe antipatia popular: 2º, Políticos desonestos aproveitaram-se disto para tentar derrubar o Governo. A escola Militar influenciada (mocidade) revoltou-se contra Rodrigues Alves, tendo um Senador, um General e dois Deputados à frente.

Numa ocasião a turba invadiu o lar de Oswaldo Cruz, que teve que fugir com a família pelos fundos de sua residência, temendo serem mortos. Ele chegou ao ponto de colocar o cargo à disposição do Presidente, que corajosamente respondeu: "Se o Senhor cair, cairemos juntos". O levante da Escola Militar foi superado. Oswaldo Cruz venceu. Foi uma passagem gloriosa do Governo Rodrigues Alves. O Brasil saiu vitorioso dessa "guerra". O flagelo foi dominado.

Em 1907 Oswaldo Cruz foi recebido como hóspede da Casa Branca. Theodore Roosevelt - Presidente dos Estados Unidos, sabendo que a época mais intensa da epidemia da febre amarela era no verão, fez a pergunta seguinte: "Posso mandar minha esquadra visitar o Rio de Janeiro pelo menos no inverno?". Resposta do Mestre Oswaldo Cruz: "Não só no inverno, sua esquadra poderá visitar o Rio até mesmo no verão. Vossos marinheiros estarão tão seguros como se estivessem em New York".

Oswaldo Cruz é mundialmente considerado uma das autoridades maiores no combate às doenças tropicais. É mais fácil encontrar um estudante brasileiro que não saiba quem foi Oswaldo Cruz do que um seu colega estrangeiro.

Com 43 anos de idade ele estava quase cego e muito doente. A família para que ele não se sentisse tão doente, pediu ao então Presidente da República Wenceslau Braz, que lhe desse um cargo. Assim foi Oswaldo Cruz nomeado Prefeito de Petrópolis em 1915.

Seu falecimento deu-se em 11 de fevereiro de 1917 naquela cidade, aos 45 anos. Suas últimas recomendações à família: Enterro simples, que o enrolassem num lençol, abstenção do luto - a cor preta ele considerava anti-higiênica, dispensando também a missa de 7º dia, que se esquecessem dele e vivessem alegres.

Ele era um ídolo. Obviamente essas recomendações não foram atendidas pela família.

Num artigo no Out Look, edição de dezembro de 1913, Theodore Roosevelt escreveu (faltando quatro anos para a morte do mestre):

"O papel exercido pelo Brasil contra as doenças tropicais usando as armas da ciência, não tem sido devidamente apreciado. O Instituto Oswaldo Cruz é perfeito no que concerne ao seu equipamento. Não o é menos sob aspecto da capacidade de seus homens de ciência. O Dr. Oswaldo Cruz é um homem da raça de um Pasteur".

Ao terminar peço a Deus que abençoe e proteja sua alma.

 

Biografia escrita pelo Acadêmico José Hermínio Guasti.

 


Currículo Lattes